A quantidade de sangue do tipo O negativo, considerado universal, pois pode ser recebido por qualquer pessoa, está abaixo do necessário nos principais bancos da cidade há pelo menos duas semanas, quando o JT mostrou que hospitais da capital estavam suspendendo cirurgias por falta de bolsas.
Anteontem, o Ministério da Saúde chegou a emitir um alerta sobre a redução nos estoques dos bancos de sangue de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Esses Estados são os que têm maior demanda por bolsas, pela concentração de serviços médicos, mas sofreram uma queda de até 40% em seus estoques em maio.
De acordo com a pasta, a situação pode se agravar ainda mais com a chegada dos meses mais frios e com a proximidade das férias escolares. Em julho costuma ocorrer uma redução de até 25% no número de doadores, segundo a Coordenação-Geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério.
Na Fundação Pró-Sangue, unidade da secretaria estadual de Saúde que abastece 128 hospitais da capital e da região metropolitana, os sangues O negativo e A negativo ainda estavam em nível crítico ontem. Isso significa que a quantidade desses tipos sanguíneos é suficiente para abastecer esses hospitais por, no máximo, dois dias.
No Hemocentro da Santa Casa de São Paulo, que fornece bolsas para nove hospitais da capital e região metropolitana, o estoque de sangue do tipo O negativo é o mais baixo também: tem atualmente de 20 a 30 bolsas – quase um terço das 70 bolsas que seriam necessárias. Outro problema é o estoque de plaquetas.
A obtenção desse componente do sangue exige um tipo diferente de doação, que leva cerca de uma hora – além disso, é preciso marcar hora. As plaquetas podem ser estocadas por apenas cinco dias.
A Santa Casa ressalta que o candidato a doador deve observar suas condições de saúde antes de comparecer aos postos. Ao longo desta semana, a instituição teve de recusar 29% dos voluntários. O índice alto (o normal seria de, no máximo, 20%) pode ser explicado pelo elevado número de pessoas com sintomas de gripe.
Quem está gripado deve esperar sete dias após o término dos sintomas para fazer a doação. Já quem tomou a vacina de gripe deve aguardar 48 horas antes de comparecer ao banco de sangue.
Na semana passada, a instituição registrou, em média, 500 doações por dia. A quantidade, superior ao número ideal de doações diárias (que seriam 450), ajudou a reabastecer os estoques, que estavam ainda mais desfalcados.
No Banco de Sangue do Hospital São Paulo, que abastece também o Hospital do Rim, os sangues O negativo, A negativo e AB negativo ainda estão em falta. Mesmo assim, a quantidade é suficiente para atender emergências.