A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais,
Travestis e Transexuais (ABGLT) enviou nesta segunda-feira um ofício ao
Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) pedindo a
imediata retirada do ar de um comercial da cerveja Nova Schin. Em nota, a
associação diz que o comercial é discriminatório e debocha dos travestis.
Narrada por um repentista, a propaganda é ambientada numa festa de São
João. Um grupo de cinco amigos toma uma Nova Schin quando aparece uma mulher
caminhando na rua. Um deles, "Marcão, garanhão, rápido como um coristo,
partiu em direção a ela, mas quando a reparou, vixe, deu inté dó: olhou o
tamanho do pé, o volume e o gogó, mas constatou que a sua paixão de noite era
Maria, mas de dia era João".
Marcão fica constrangido, e os quatro amigos
dele, sentados e observando de longe, riem da situação. Na última cena da
propaganda, porém, o homem vestido de mulher senta na mesa e toma cerveja com o
grupo.
“O comercial contribui para referendar e banalizar essa discriminação,
ridicularizando a personagem travestida”, diz na nota o presidente da ABGLT,
Toni Reis. O texto cita uma pesquisa feita na Parada LGBT de São Paulo em 2005,
segundo a qual 77% dos travestis e transexuais afirmaram já ter sofrido
agressão verbal ou ameaça de agressão em virtude de sua sexualidade.
“Ao mesmo tempo em que entendemos que é preciso ter bom humor, não se
deve utilizar-se da fragilidade de uma população para vender um produto. Isto
não é condizente com o preceito constitucional da dignidade humana”, acrescenta
Reis.
A ABGLT se define como uma entidade de abrangência nacional, fundada em
1995, congregando 257 organizações com o objetivo de defender e promover a
cidadania dessa parte da população.
As informações são do jornal O Globo