Em até seis meses, o Sistema Único de Saúde (SUS) passará a fornecer gratuitamente o medicamento Trastuzumabe, usado, em média, por 25% das mulheres diagnosticadas com câncer de mama, seja em estágio inicial ou avançado. A decisão foi anunciada na segunda-feira, 23 de julho, pelo Ministério da Saúde.
O remédio é de alto custo. Por mês, as pacientes gastam 7 mil reais para adquiri-lo. E também um dos mais eficientes, pois tem como foco a mutação genética que ocasiona o tipo mais agressivo de câncer de mama e, além disso, consegue atacar apenas as células doentes, preservando as que estão sadias, efeito não alcançado pela maioria das outras medicações.
Muito utilizado na rede privada e oferecido em parte dos hospitais públicos de alguns estados como São Paulo, o Ministério da Saúde já fornece o Trastuzumabe a algumas pacientes que conseguiram esse direito por determinação judicial. Em 2011, o ministério gastou R$ 4,9 milhões para oferecer o medicamento por força das determinações e só este ano já foram gastos R$ 12,6 milhões pela mesma razão.
Para oferecer o medicamento pelo SUS, o Ministério da Saúde projeta gastar R$ 130 milhões por ano. O câncer de mama é o segundo mais comum do mundo e o mais frequente entre as mulheres. Estima-se que haja mais de 1,15 milhão de novos casos anualmente e no Brasil a projeção de 52.680 novos registros para 2012/2013. No país, em 2010, ocorreram 12.812 mortes por conta da doença.
Especialistas no tratamento de câncer afirmam que a distribuição do medicamento precisa vir acompanhada de orientações para seu uso. Anderson Silvestrini, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, disse ao jornal Folha de S.Paulo, que se o Trastuzumabe não for administrado por pelo menos um ano na fase pós-operatória não terá efeito qualquer.
O Ministério da Saúde prometeu divulgar um protocolo de orientações para uso do medicamento no prazo de seis meses, mesmo período em que o Trastuzumabe começará a ser distribuído pelo SUS.
A distribuição gratuita do Trastuzumabe é parte das ações do Plano Nacional de Prevenção, Diagnóstico e Tratamento do Câncer de Colo do Útero e de Mama, lançado no ano passado. A incorporação da oferta do medicamento pelo SUS foi aprovada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec), também criada em 2011, para definir regras que garantam a proteção do cidadão quanto ao uso e eficácia de medicamentos de alta complexidade.
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