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sexta-feira, 27 de julho de 2012

Playcenter fecha as portas e vai virar parque infantil


Um dos principais parques urbanos do País, o Playcenter, em São Paulo, fecha as portas neste domingo após quase 40 anos. Em seu lugar, entra um novo parque, sem atrações radicais ou "Noites do Terror", voltado para o público infantil, que deve ser inaugurado no primeiro semestre de 2013. Conforme a administração do parque, as atrações ainda não foram definidas e a previsão é que sejam investidos R$ 40 milhões, dentre custos de projeto, obras de infraestrutura, a aquisição de equipamentos inéditos, o lançamento e o início de funcionamento do novo parque. Conforme o dono do parque, Marcelo Gutglas, o projeto "vai ser vencedor".
De acordo com Gutglas, a decisão de mudar o foco do Playcenter foi tomada há dois anos. "Nos dias de hoje, uma empresa como a nossa precisa se reinventar sempre e após muitas pesquisas identificamos a falta de parques de diversão para a família toda em São Paulo. A partir dai, definimos que o conceito do novo parque é oferecer serviços e atrações de qualidade, onde pais e filhos possam se divertir juntos", conta.
Idealizado no início da década de 1970, o parque começou com uma montanha-russa italiana de aço, que foi instalada em frente ao ginásio do Ibirapuera. O local também contava com outra atração, um tobogã, que se chamava Playcenter e posteriormente veio a dar o nome ao empreendimento. Em 27 de julho de 1973, o parque se instalou no terreno da Barra Funda, onde está até hoje em uma área de cerca de 85 mil m² próximo à marginal Tietê, esquina com rua José Gomes Falcão. Nos primeiros anos, o local possuía apenas 32 mil metros quadrados e cerca de 15 atrações, galeria de jogos e praça de alimentação. Cerca de 60 milhões de visitantes já passaram pelo local, conforme a empresa.
Segundo o presidente do Playcenter, o anúncio de fechamento provocou uma "nostalgia" no público e o movimento chegou a crescer 40%, atingindo uma média de 6.300 pessoas por dia. "Sem dúvida esse aumento foi movido pelo sentimento das pessoas, que querem se despedir do parque que fez parte de muitos dos bons momentos de diversão de suas vidas", completa.
Para Gutglas, os principais momentos do parque, considerados "inesquecíveis" envolveram trabalhos complicados de logística e infraestrutura. "Além do King Kong, houve os shows das baleias Orca e dos golfinhos (Flipper, do filme de mesmo nome). As duas baleias foram importadas da Islândia e vieram de avião ao Brasil. A montagem de toda a infraestrutura e o treinamento dos animais foi muito complexa", conta. Ele cita ainda momentos marcantes com a chegada de brinquedos como o Colossus (montanha-russa já desativada) o lançamento das Noites do Terror, e os shows de Roberto Carlos, Johnny Mathis, Uri Geller e do grupo Menudos. "Mas sem dúvida, em termos da maior sensação e cobertura da mídia, foi a visita do Michel Jackson. Foi memorável", diz.
Os acidentes que ocorreram no Playcenter foram considerados os momentos mais complicados nos 40 anos. Um no brinquedo Double-Shock, em abril de 2011, deixou oito pessoas feridas, três delas em estado grave. Um documento mostrou que houve falha humana por parte do funcionário responsável pelo equipamento. Em setembro de 2010, outro acidente deixou 16 pessoas feridas. Um carrinho do brinquedo Looping Star, que faz uma curva em uma velocidade de 90 km/h, colidiu com o da frente. "Os acidentes já foram superados", disse o empresário.
Conforme Gutglas, o novo parque quer oferecer à família serviços e atrações que possibilitem uma interação entre pais e filhos. "O projeto prevê brinquedos em que os pais sejam incluídos na brincadeira, desfrutando com seus filhos de experiências novas, dentro de um ambiente único, com capacidade limitada a um máximo de 4.500 visitantes por dia", conta. O atendimento e serviços prometem ser "premium", nos moldes dos internacionais Legoland e o Nickelodeon.
Relembre momentos importantes
Início
Marcelo Gutglas, que inseriu no País as máquinas de fliperama no final dos anos 1960, criou o parque no início da década de 70. Em 1973, ele foi transferido para o local atual, no bairro Barra Funda.
Ciclone
A montanha-russa Ciclone, de origem alemã, foi a primeira de aço do Brasil e nos seus primeiros dias de funcionamento operou por 24h seguidas para atender a demanda de público que visitava o parque.
King Kong
No ano de 1977, durante um evento na época de lançamento do filme King Kong, foi montado um gorila de 15 metros no parque e, no dia de estreia do filme, a atriz Jéssica Lange, estrela do longa, marcou presença no parque e repetiu a cena em que King Kong a coloca dentro de sua mão, de acordo com informações da empresa.
Projetos sociais
Em 1977, o parque criou o projeto Playcenter Escola, focado no ensino fundamental I, e que oferece atividades como teatro, trava- línguas, personagens lúdicos e livro paradidático, tendo como tema central a vida e obra de Heitor Villa-Lobos, diz a assessoria. A partir de 1997, o parque realiza o programa Play Escola, em que parte do local se transforma em um laboratório de ciências, em parceria com escolas públicas e privadas.
Michael Jackson
Em 1993, o cantor Michael Jackson teve um dia só para ele no Playcenter. Segundo informações da empresa, Michael Jackson foi bem discreto e gostou da Montanha Encantada. Durante sua visita pediu música dos Beatles e depois sua própria música tocou a pedido de uma das crianças que o acompanhavam.
Montanha Encantada
O brinqueda fez parte das atrações do parque desde o final da década de 1970 até 2005. Era uma atração elétro-animada no estilo "It's a Small World" da Disney, possuía 20 barcos em forma de tronco de madeira com capacidade para cinco visitantes cada e ocupava uma área de 3 mil metros quadrados.
Shows
O espaço do parque recebe shows desde o início. O astro do rock Bill Halley fez uma apresentação com cerca de 40 mil pessoas em 1975. No início dos anos 80, o local contou a a apresentação dos Menudos. Na história mais recente, o Playcenter foi palco para o festival Planeta Terra, com shows de estrelas como Iggy Pop, Smashing Pumpkins, Strokes, Pavement, entre outros. Em 1983, o Dolphin's Show levou ao Brasil o golfinho Flipper.
Redução
Em 2006, o parque devolveu aos proprietários do terreno uma área de 40 m². Em 2011, os proprietários venderam 12 mil m² à incorporadora de imóveis PDG Realty, empresa, criada em 2003 que atua em 17 Estados do País e no Distrito Federal e é a principal representante do setor no Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa).
Terror
As Noites do Terror acontecem desde 1988. Em 2011, o parque investiu R$ 4 milhões na produção das noites do Terror, com contratação de 300 profissionais, sendo 180 atores fantasiados e mais 120 trabalhando nos bastidores como maquiadores, produtores, caracterizadores, costureiras, dançarinos e artistas circences, conforme a assessoria de imprensa do parque.
Fonte: Terra.

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